DE
PAI PARA FILHO: Desde 1912...
F. J. Hora
Numa
sexta-feira treze,
Vejam
só que ironia
Exatamente
naquele dia
Pernambuco
foi premiado,
Na
divisa do estado
No
sertão, céu lindo e azul,
Na
fazenda Caiçara
No
sopé da Serra do Araripe
No
município de Exu.
“Nasceu,
e é menino macho”
Vejam
os documentos dele:
Luiz
por ser de Santa Luzia
Gonzaga
porque o padre disse
E
Nascimento por Jesus Cristo
Esse
era seu nome de pia!
Januário,
pai de nove irmãos
Tocando
e consertando
Depois
da roça, o acordeão,
“Oito
baixos” respeitado
Em
festa tradicional.
Luiz,
aos oito de idade
Na
falta do “principal”
Tocou
e cantou a noite inteira
Sendo
essa a primeira
De
uma missão especial.
A
convites de amigos do pai
Animou
festas e sambas...
Luiz
de Januário, “Lula”,
Luiz
Gonzaga, antes dos dezesseis,
Foi
se tornando o melhor
Da
sua redondeza
Cana
Brava, Viração, Rancharia, Bodocó...!
Em
vinte e nove, já escoteiro
O
“neguinho afiotado”
Não
era mais menino
Viu-se
já apaixonado
Por
Nazarena, da região
Filha
do Coronel Deolindo...
“Tocador
de meia-tigela”
Em
reprovação disse o pai dela
E
Santana, mãe de Luiz, por desgosto
Deu-lhe
uma surra e, no outro dia
Ele
foge para Crato
Sem
dar notícia à família.
Dezoito
anos incompletos
Entra
nas forças da Revolução
O
soldado “Gonzaga”, corneteiro
Ganhou
fama no Exército Brasileiro
E
assim seguiu seu passo
Em
missão para Belém e outros estados
Com
o apelido de “Bico de aço”.
Nove
anos depois, por aventura
Dá
baixa no Exército
E em
São Paulo a sanfona branca
Dá
início à sua carreira
E na
beira do caz, dos estrangeiros
Inspirado
no Rio de Janeiro
Foi
um calouro de primeira.
Em
1946, explodiu sua carreira
Em
disparada com Humberto Teixeira
Domingos
Ambrósio e outros parceiros
Relembrando
seu pé de serra
E
cheio de cartaz voltou à sua terra
Num
reencontro emocionado
Tocou
baião, xote e xaxado
E
sua música “Dança Mariquinha”;
Registrou
também o filho de Odaléia
Seu
eterno varão Gonzaguinha.
Já
no auge do reinado
No
Grande Oriente do Brasil
Foi
Paranapuan, da acácia amarela
Flor
linda e tão bela
Símbolo
da Grande Iniciação
E é
por isso que até hoje
Ainda
é Rei do Baião.
E
assim, de pai para filho
Com
a música veio a união
E a
fortuna de sua realeza
Que
ao destino não engana,
Foi
no Hospital Santa Joana
Que
debilitado, mas devoto
Com
pneumonia e fraco dos ossos
Luiz
disse adeus...!
Um
adeus forte e cantado
Como
um aboio saudoso
Lula,
Luiz Gonzaga, Gonzagão
Ser
artista do Nordeste foi seu sonho
Desde
1912 inaugurado
Mais
do que um nordestino, coroado
Luiz,
Rei do Sertão!