Para que escrever,
Para que vivo a buscar
Inspiração? Ah , como dói lembrar
De que não se lembram
Aqueles que não sabem cantar...!
Quando eu sonhei
Fui chamado de louco, sem razão...
A poesia do meu tempo
Já não era a fruição
Mas, a mercadoria do ato
Dessa nova recitação...
Quando eu acordei
Convertido de pura inspiração
Senti a pena pesada
Já não queria a minha mão
Senti-me um poeta inútil
E a poesia que eu tanto estimei
Virou obra fútil
E os espectadores fora de si
Esqueceram de olhar para mim
Disfarçados pela maravilha
Da convenção de valorizar
O artista, de práxis,
Eles tinham que falar...
Falaram de mim
E não leram a poesia
Deixaram para o outro dia
Essa hora de sonhar
Só para não ter que lembrar
Que é arte e é minha...
São descrições da alma
Calada e sozinha!