segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

POEMA DE NÃO SE RECITAR

Para que escrever,

Para que vivo a buscar

Inspiração? Ah , como dói lembrar

De que não se lembram

Aqueles que não sabem cantar...!


Quando eu sonhei

Fui chamado de louco, sem razão...

A poesia do meu tempo

Já não era a fruição

Mas, a mercadoria do ato

Dessa nova recitação...


Quando eu acordei

Convertido de pura inspiração

Senti a pena pesada

Já não queria a minha mão

Senti-me um poeta inútil

E a poesia que eu tanto estimei

Virou obra fútil


E os espectadores fora de si

Esqueceram de olhar para mim

Disfarçados pela maravilha

Da convenção de valorizar

O artista, de práxis,

Eles tinham que falar...


Falaram de mim

E não leram a poesia

Deixaram para o outro dia

Essa hora de sonhar

Só para não ter que lembrar

Que é arte e é minha...

São descrições da alma

Calada e sozinha!

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

COMO SE NÃO FOSSE

F. J. Hora, 25-12-2008

Como se não fosse natal,
Escandalizo-me com meu pensamento
Pois, ele em mim está atento
A um desejo bom, mas fatal
E para mim não há mais mal
Do que esse meu tormento!

Como se não fosse desejo
Queria que fosse amor
Porém, bem sei que não é
É paixão de homem com mulher
É emoção, solidão ou dor!

Dentro de mim uma longa tortura
A imaginar-me no leito
Com ousadia e pouco respeito
Ao ver tamanha figura
Do objeto do meu desejo
Que não me satisfaz com o beijo
E sim toda a ternura.

Como se não fosse o que é
Queria que fosse o que já foi
Não quando vivia na solidão
Dos meus pensamentos,
Mas, livrar-me dos ventos
Dessa minha triste ilusão.

É ilusão, mas não queria
E para mim a canção soa
Essa triste e suave melodia
Como se não fosse a poesia
Que me lembra uma pessoa.

Não posso morrer de paixão,
Tampouco mataria-me o desejo,
Mas, de amor seja a solução
Que enquanto eu tiver nessa prisão
Não quero do mundo outro estado
Amando sem fim, sem parar
Porque para mim não morre
O que como o rio, corre
E seu destino é o mar
O mar, amar e amar!